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  • JUNDIAÍ - SP
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  • Outras frequeências

    Numa praça. Céu azul absurdo. - O que você tá fazendo? Ela olha pra cima com olhos apertados por causa do sol. - Brincando. - Brincando de quê? - De fazer nuvens desaparecerem.   " O cabelo dela parece chocolate líquido na grama." " Ele não existe." - Posso tentar? - Claro. Ele deita do lado dela. - Como se faz? Ela responde sem parar de olhar para o céu. - Primeiro você
  • Sobre hipocrisia

    Eu dissimulo verdades com uma frieza que muitas vezes acho não ser normal. Me assusta mais o fato de não me importar, e às vezes, eu mesma acredito. Sou fria, quase impessoal. Pois com o tempo você descobre que para mentir você precisa ser pessoal. Você também precisa acreditar naquilo por um momento para que os outros também o façam. Mas se você acreditar pra sempre, acaba virando um deles. A diferença é que a aramadilha é sua. Mentir é estar preparado para reagir a qualquer est&iac
  • Sobre coisas

    Tente me ouvir enquanto falo de amor e talvez as outras histórias te pareçam mais românticas e menos reais. Ouço o barulho de alguma coisa se quebrar. É a minha percepção que se faz em muitas e me faz em muitas. Características sensitivas a cada pedaço. Reações diferenciadas a cada nova consequência reativa e incabível. Estou feliz e me sinto triste. Feliz porque sinto que posso ir longe pela primeira vez. A grandeza me parece concebível e mesmo que eu não possa vê-la,
  • Indigente

    Aquela putaria toda. Porque as reprimidas são as piores. Uma agulhada fina. Aquela puta na sistina. Uma puta vontade. Uma puta de vontade. Uma pontada. Várias pontadas. Quero ver você se cortar todo, dizer que quer mesmo os mais profanos e um sortilégio na esquina. Com um pouco de sangue e uma cara lavada, ou cara de beijo, porque hoje eu aceito os dois. Hoje eu aceito até você, que sois o negro e minha parte podre. Aquela que tanto falso, que tanto falo, que tanto omito. Todo sobrescrit
  • Do que precisamos aprimorar

    Venho pedalando muito rápido porque à essa altura do campeonato- de bolos e atrasos- você já percebeu que pontualidade nunca foi o meu forte. Você me vê chegando e tenta de um modo precário e quase meigo sufocar um sorriso. Tenta de um modo inútil fingir que está tudo bem e de maneira convincente que tudo vai ficar. A gente repara em silêncio que o meu shorts curto tem um caimento perfeito quando você está do meu lado e que minha blusa colada tem o decote que você sonhou. Te abr
  • Episódios ( novela mexicana)

    Termino de macular minha página com vermelho. Estou com gosto de corpo na boca e um sorriso rápido e safado me desvia toda vez que acidentalmente penso em você. Estou em intervalos. Sou intervalo e me intercalo entre menina bem comportada e indolente infantil. Aqueles olhos de fruta fresca me encarando cada vez mais fundo. Aquela flor de caramelo dilatando por minha causa. Eu te assoprandodentes de  leão Você me sussurrandovontades de ferro. A gente que soube aproveitar a melhor parte de
  • Monstro II

    A garota indolente, a garota odiada, a garota inconveniente, a garota insolente. A garota odiada por ser insistente. A garota odiada por ser indolente. A garota odiada por ser inconveniente. A garota odiada por ser garota. A garota odiada por ser indecente. A garota encantadora odiada por ser garota. A garota odiada por ser má. A ingrata odiada. A que escreve por vício, mania ou necessidade, achando que alguém se importa, que alguém se interessa sem ter interesse. Como se alguém se envolvesse
  • Desastre

    Um acidente geográfico de um tamanho relativo. De consciência catatônica meio albinônica. Um acidente geográfico de um tamanho quase válido com um sorriso quase pálido e uma vontade absurda de gritar até ficar surda. Um acidente geográfico. Um trambolho não específico que quase atrapalha a visão do que as coisas realmente são. Um trambolho geográfico que te erra a percepção. Um acidente
  • Sobre brutalidade

    Percebo que não sei amar porque não sou delicada. Essa coisa bruta que me consome e que chamam amor não é bonito, é doloroso. Pensar nele me tira a fome. Pensar em como ele se trata me dá crises terríveis de choro. E o modo como ele se trata também inclui me amar. Pensar em aceitar esse amor me dá ânsia, porque tanto amor assim é insuportável pra alguém imutura como eu. Sinto dor física, de verdade. Não preciso me esforçar muito e meu estômago entra em co
  • Moralidade casual

    Eles não se viam há muito tempo. Na verdade, não se falavam há muito tempo, nunca haviam se visto. Ela estava mais velha, ele puxando pra um negro azulado, mas disse estar gostando do dourado. Ela já seduziu muito bem, acessos de indolência, ele já caiu muito bem, gosta da conivência, hoje já não mais.  Ela está linda e mais velha, ele continua barbudo e mais impessoal. Os dois recomeçam a conversar, sempre se fizeram um bem mútuo de maneiras diferentes. Os gostos eram bo
  • Jardim

    De cabelos molhados após banho de suor que você me deu. O teu presente de boas vindas é sempre um olhar enigmático que me convida a te desalinhar todo até descobrir em que parte do corpo se ocultam as palavras de hoje que você escondeu. De maçãs do rosto rosadas e ardendo em brasa você forja em mim todos os seus segredos escondidos em cicatrizes pelo corpo. Te ajudo a soldá-las e sugá-las o que delas transbordar, pois de dentro delas sempre sai um fiozinho bem tênue, etéreo, quase transpare
  • Monstro

    Porque não é comigo. Eu não deveria me importar, e não me importo. Meus gritos calados pelo pó do silêncio (ou só poeira mesmo) são velhos, mas não é comigo. Estou jogada, vulgar e profana, dando ilusões a qualquer um. Estou usada e lixada, me despedaçando e tão comum. Porque não é meu. Este corpo, ele não é meu, por isso me desuso e me abuso, porque não é comigo, por isso não ligo. Minha cara roxa e inchada, &eacut